domingo, 21 de novembro de 2010

Mitologia Celta da Irlanda - parte 2 (Ciclo do Ulster e Ciclo Feniano)



Ciclo do Ulster
 
A Irlanda celta era dividida em cinco províncias: Leinster, a leste; Munster, ao Sul, Mídhe, no centro; Connacht no oeste, e Ulster ao norte. Daquela região nos chegam as lendas e feitos de heróis como Cuchulainn (dir.), Conchobhar mac Nessa e Fergus mac Róich, poderosas mulheres como Macha, Maedbh e Fedelm, e a trágica história de amor de Deirdre dos Pesares. Menos divino do que o Ciclo Mitológico, o Ciclo do Ulster – também conhecido como Ciclo do Ramo Vermelho – tem seus primeiros registros por escrito datando do século VIII, e muitos fatos e personagens foram preservados também no folclore da Irlanda, da Ilha de Man e da Escócia. A magia é uma característica constante: humanos assumem a forma de animais e interagem com os divinos Tuatha de Danann. Os hábitos e costumes relatados fornecem um retrato bastante claro dos valores dos celtas da Irlanda: sociedades guerreiras em busca de prestígio e ascensão, mulheres e homens em paridade, riqueza representada pela posse de gado, heroísmo individual e irmandade tribal.

Alguns dos textos mais importantes do Ciclo do Ulster são: “O Banquete de Bricriu”; “A Destruição da Pousada de Da Derga”; “A Doença de Cuchulainn e o Único Ciúme de Emer” e, principalmente, “O Roubo de Gado de Cooley” ("Táin Bó Cuailgne"), onde vemos a saga de Cuchulainn como o guerreiro irlandês por excelência.
 
 
 
 
Ciclo Feniano
 
Como diz o próprio nome, este grupo de lendas, poemas e contos apresentam as aventuras dos Fianna Éireann, um mítico grupo de guerreiros liderados pelo herói Fionn mac Cumhaill. Os relatos apresentam diversos fatos históricos que retratam a transição da religião celta para o cristianismo, especialmente no “Colóquio dos Anciães”, em que Oisín, filho de Fionn, argumenta com São Patrício a favor da antiga religião, enaltecendo suas virtudes: a coragem, a generosidade, a hospitalidade e a liberdade da sociedade celta original. Também as lutas entre tribos celtas do sul e do Oeste da Irlanda são retratadas. Assim como no Ciclo do Ulster, as lendas do Ciclo Feniano estão repletas de eventos mágicos e contatos com deuses ancestrais. Além de “O Colóquio dos Anciães”, dois outros textos significativos são “Os Feitos de Fionn na Infância”, que relatam como ele se tornaria o grande guerreiro e sábio que é, e a história de amor “A Perseguição de Diarmuid e Gráinne”, que pode ser identificada como uma das mais remotas raízes para o clássico “Romeu e Julieta” de Shakespeare.
 

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