Origem: Ordem dos Bardos, Ovates & Druidas
por Alexandre Gabriel
Artigo originalmente publicado em "Mandrágora - O Almanaque Pagão - 2011: No Bosque Sagrado dos Druidas" (© Zéfiro, 2010. Todos os direitos reservados).
Muitos anos antes de Fionn se tornar no grande chefe guerreiro dos Fianna, o seu nome de criança era Demne Máel e a certa altura da sua juventude viu-se confrontado com a morte do seu pai às mãos de Goll MacMorna, chefe do Clã Morna, na Batalha de Castleknock, na Irlanda. Temendo pela sua vida, Fionn decidiu fugir, procurando refúgio no lago Linn Fiach. Aí habitava o bardo Finnéces, a quem Fionn pediu que lhe ensinasse as artes bárdicas, pois sabia que jamais alguém ousaria levantar um dedo que fosse a um poeta, que era uma classe digna de grande respeito por todos.
Finnéces aceitou-o como discípulo e contou-lhe a história que o tinha levado até aquele lugar: dizia-se que habitava nas profundezas tranquilas deste lago do rio Boyne o Salmão da Sabedoria, que concederia todo o seu Conhecimento e Saber àquele que primeiro o comesse, o que tinha atraído diversas pessoas ansiosas por encontrar este peixe sagrado. Para além disso, circulava também uma profecia, segundo a qual caberia a um jovem chamado Fionn alcançar o êxito nesta demanda.
Tinham já passado sete longos anos desde que Finnéces tinha acampado nas margens do lago, aí permanecendo dia e noite, segurando a sua cana de pesca, à espera que o divino salmão mordesse o seu isco, trazendo-lhe a tão desejada iluminação.
Pouco tempo depois da chegada de Fionn, a cana de Finnéces mexeu-se e remexeu-se com uma violência fora do comum. Não era um peixe qualquer. Finnéces puxou a cana e ficou pasmado, tinha nas suas mãos o Salmão da Sabedoria. Radiante de alegria, pediu a Fionn que cozinhasse o peixe, mas ordenou-lhe que não comesse a sua carne, fosse por que motivo fosse. Fionn assim fez, mas enquanto preparava o cozinhado reparou numa bolha na pele do peixe e tentou rebentá-la. Porém, ao fazê-lo, queimou o dedo no peixe a escaldar e instintivamente levou-o à boca, chupando-o para aliviar a dor. Assim, de forma inadvertida, acabou por adquirir todo o conhecimento do mundo, bem como os dons da sabedoria e da adivinhação. Ao saber do sucedido, Finnéces apercebeu-se que a profecia se tinha cumprido. Fê-lo então abandonar o nome de Demne, passando a chamá-lo de Fionn. A partir de então, sempre que chupava o dedo, todos os segredos do mundo lhe eram revelados.
Nota: Esta narrativa plena de simbolismo tem muitas semelhanças com a história de Taliesin, proveniente do País de Gales, na qual Gwion (palavra galesa que tem correspondência com o irlandês Fionn) adquire igualmente a sabedoria, de uma forma inadvertida, enquanto cuidava do Caldeirão da deusa Ceridwen.
Um dos significados atribuídos a Finnéces, que significa “Sabedoria Branca”, é “Fionn, o Vidente” e muitos autores consideram-no como sendo um duplo do próprio Fionn. Fionn será, aliás, uma alcunha que significa “belo” ou “branco”, que terá sido dada ao jovem Demne (que significa “certeza”) quando o seu cabelo ficou prematuramente branco, conforme nos contam as lendas.
Leitura Adicional:
VARANDAS, Angélica, Mitos e Lendas Celtas da Irlanda, Livros e Livros, 2006.
VARANDAS, Angélica, Mitos e Lendas Celtas do País de Gales, Livros e Livros, 2007.
MATTHEWS, John & Caitlín, Taliesin: The Last Celtic Shaman, Vermont, Inner Traditions, 2002.
terça-feira, 10 de julho de 2012
domingo, 3 de junho de 2012
OGHAM
Writtenby Jenni Irving, published on 11 May 2012 under the following license: Creative Commons: Attribution-NonCommercial-ShareAlike. This license lets others remix, tweak, and build upon this content non-commercially, as long as they credit the author and license their new creations under the identical terms.
Origem: Ancient History Encyclopedia
Definition
One of the stranger ancient scripts one might come across, Ogham is also known as the ‘Celtic Tree Alphabet’. Estimated to have been used from the fourth to the tenth century AD it is believed to have been possibly named after the Irish god Ogma but this is debated widely. Ogham actually refers to the characters themselves, the script as a whole is more appropriately named Beith-luis-nin after the order of alphabet letters BLFSN.
Description
The script originally contained twenty letters grouped into four groups of five. Five more letters were later added creating a fifth group. Each of these groups was named after its first letter. There are some four to five hundred surviving ogham inscriptions throughout Britain and Ireland with the largest number appearing in Pembrokeshire. The rest of the inscriptions were located around south-eastern Ireland, Scotland, Orkney, the Isle of Man and around the border of Devon and Cornwall. Ogham was used to write in Archaic Irish, Old Welsh and Latin mostly on wood and stone and is based on a high medieval Briatharogam tradition of ascribing the name of trees to individual characters. The inscriptions containing Ogham are almost exclusively made up of personal names and marks of land ownership.
Origin Theories
There are four popular theories discussing the origin of Ogham. The differing theories are unsurprising considering that the script has similarities to ciphers in Germanic runes, Latin, elder futhark and the Greek alphabet.
The first theory is based on the work of scholars such as Carney and MacNeill who suggest that Ogham was first created as a cryptic alphabet designed by the Irish. They assert that the Irish designed it in response to political, military and/or religious reasons so that those with knowledge of just Latin could not read it.
The second theory is held by McManus who argues that Ogham was invented by the first Christians in early Ireland in a quest for uniqueness. The argument maintains that the sounds of the primitive Irish language were too difficult to transcribe into Latin.
The third theory states that the Ogham script from invented in West Wales in the fourth century BC to intertwine the Latin alphabet with the Irish language in response to the intermarriage between the Romans and the Romanized Britons. This would account for the fact that some of the Ogham inscriptions are bilingual; spelling out Irish and Brythonic-Latin.
The fourth theory is supported by MacAlister and used to be popular before other theories began to overtake it. It states that Ogham was invented in Cisalpine Gaul around 600 BC by Gaulish Druids who created it as a hand signal and oral language. MacAliser suggests that it was transmitted orally until it was finally put into writing in early Christian Ireland. He argues that the lines incorporated into Ogham represent the hand by being based on four groups of five letters with a sequence of strokes from one to five. However, there is no evidence for MacAlisters theory that Ogham’s language and system originated in Gaul.
Mythical theories for the origin of Ogham also appear in texts from the eleventh to fifteenth centuries. The eleventh century Lebor Gabala Erenn tells that Ogham was invented soon after the fall of the tower of Babel, as does the fifteenth century Auraicept na n-eces text. The Book of Babymote also includes ninty-two recorded secret modes of writing Ogham written in 1390-91.
![]() |
Ogham writing on standing stone, seen on the right-hand side of the picture. One of the stranger ancient scripts one might come across, Ogham is also known as the ‘Celtic Tree Alphabet’. Estimated to have been used from the fourth to the tenth century AD it is believed to have been possibly named after the Irish god Ogma but this is debated widely. Ogham actually refers to the characters themselves, the script as a whole is more appropriately named Beith-luis-nin after the order of alphabet letters BLFSN. (Imagem originalmente publicada na página de Ireland Alive- History Landscape Culture And The Irish Today: ) |
BIBLIOGRAPHY
Carney, James. "The Invention of the Ogam Cipher." Ériu 22/1975. 62-63.
Macalister, Robert A.S.. The Secret Languages of Ireland. Cambridge University Press, 1937. Page(s) 27-36.
Macalister, Robert A.S.. Corpus inscriptionum insularum celticarum. First edition. Dublin, 1945.
MacNeill, Eoin. "Archaisms in the Ogham Inscriptions." Proceedings of the Royal Irish Academy 39. 33-53.
sábado, 28 de abril de 2012
Desperta do teu sono: Galiza: a Galtia, berço dos celtas.
Desperta do teu sono: Galiza: a Galtia, berço dos celtas.
Por David Outeiro
Por David Outeiro
"Segundo o Lebhar Ghabála Érenn (Livro das invasões de Irlanda, S II) a última vaga chegou a Irlanda desde o reino deBrigántia, a terra de Breogan e dos Milesianos, a atual Galiza. Foi Ith, filho de Breogan, quem alviscou a ilha desde uma Torre. Ith embarcou-se de cara aquela ilha, mas os nobres nativos decidiram assassiná-lo. Os Milesianos, celtas goidélicos de Brigántia (Bergantinhos), embarcaram-se rumo a Ilha para vingar a morte de Ith. Após chegar a Irlanda, encaminhar-se-ia a Tara para reclamar a soberania da ilha. Durante o caminho aparecem-se Banba, Fodla e Ériu; tríade divina que representa as deusa-mãe da soberania, a mulher do rei celta. Os Milesianos, com a ajuda do seu druida Amergin, vencem finalmente aos Tuatha Dé Dannan. Por causa disto, os Irlandeses sempre acreditaram ser descendentes de galegos."
Postagem completa em:
http://despertadoteusono.blogspot.com.br/2012/03/galiza-galtia-berco-dos-celtas.html
Postagem completa em:
http://despertadoteusono.blogspot.com.br/2012/03/galiza-galtia-berco-dos-celtas.html
terça-feira, 27 de março de 2012
O nome do Brasil e o mundo céltico
Origem: Desperta do teu sono
A mitologia céltica está presente ainda hoje nos países de tradição atlântica, e entre eles, a Galiza e o Portugal originariamente galaico, ainda que dous dos países onde vulgarmente é mais conhecido e reconhecido o seu caráter céltico são a Irlanda e a Bretanha. Nestes países as mitologias referidas a heróis guerreiros ou as hagiografias referidas a santos assimilados a partir de lendas pré-cristãs estão presentes ainda neste século XXI.
Neste artigo que começo, quero resgatar o relacionamento que há entre uma velha lenda irlandesa mas também bretã e o étimo que nos chega muito pertinho aos galegos, tanto pelo que de celta tem o tema, quanto de lusófono. Esta é a etimologia do grande e irmão país sudamericano que muitos galegos vemos verde não só pela cor das suas matas, mas pela esperança que em nós alimenta. É a etimologia do Brasil:
Assim, contam-nos as lendas atlânticas que foi Breasail o grande Rei do mundo que vivia numa ilha do Atlântico, para além do ocidente da atual Irlanda. O seu país era chamado Hy-Breasail e só podia ser visto um dia cada sete anos porque a brétema perpétua só isso permitia para que os olhos da gente pudessem admirar a beleza daquela terra perdida no oceano.
Ele e os seus chegaram a velha Irlanda chefiando as tropas dum exército que lutaria contra os habitantes da ilha cujo Rei daria em doação terras aos invasores onde segundo também conta a lenda fundaram a cidade de Gaillimh, conhecida com a grafia inglesa como Galway, que é o nome da filha do Rei Breasail -Gaillim inion Breasail-, afogada no rio Corrib que discorre por essa cidade.
Os descendentes de Breasail seriam os O’Breasail de Irlanda, nome familiar ainda existente hoje e a ilha da qual procediam foi assimilada com a Ilha de Ávalon, Tir na nOg e mesmo a perdida Atlântida com a qual partilha muitas similitudes.
A palavra “Breasail” acolhe grande variedade de formas em gaélico: Brasil, Berzil, Brazir, Breasil... e tem sido bastante comum como nome de pessoa graças a que o mito foi cristianizado e daí deu o nome do santo irlandês Brecan (Breogam ?????).
Breasail parece significar “Vermelho” em gaélico, que é o nome que recebe também o cinábrio ou sulfureto de mercúrio, mineral de cor vermelha e brilhante utilizado para pôr cor nos cabelos e no corpo das pessoas. Este nome gaélico dá na nossa língua “varzino”, em castelhano “bracino” e mesmo em catalão “barcino” donde poderia derivar a palavra Barcelona (BARKINONAN>Barcelona em acusativo céltico segundo Higino Martins língua franca na península e na Gália em época pré-romana).Quiçá tivesse a ver com a cor dos cabelos do herói do que estamos a falar como também do cinábrio com que comerciariam os próprios povos célticos com os mediterrânicos latinos, fenícios e gregos (lembremos que o nome de “fenícios” vem do grego “Phoenikés” que significa “púrpura” ou vermelho, cor com que tingiam os tecidos com os que comerciavam graças a uma fórmula especial que eles conheciam)
É de todos sabido que a Idade Média não é época de conhecimentos científicos contrastados e empíricos tal como os percebemos hoje, mas todo o contrário, é época de mitos e de lendas transmitidas de forma oral e poucas vezes escrita. Essas lendas seriam crenças populares cuja veracidade não tinha discussão na altura, sendo pelo contato cultural e comercial de tradição milenar como se espalhariam estas histórias entre os povos atlânticos. Por isso era totalmente real para a gente do medievo a existência de ilhas como a Antilia, a Ilha de São Brandão, a Ilha das Sete Cidades, as Ilhas Afortunadas e a Ilha de Hy Brasil, Ibrasil, Brasil ou Breasail. Essa visão do cosmos era representada sem qualquer dúvida nos cartulários anteriores ao chamado “descobrimento” de América como podemos comprovar nos mapas de Dalorto (1325), Dulcert (1339), Laurazziano-Gaddiano (1351), Piziganni (1367), Giraldi (1426), Giovanni di Napoli (1430), Beccario (1426 e 1435) Valsequa (1439), Bianco (1448), Pareto (1455), o anónimo de Weimar (1481), Benicassa (1482), Juan de la Cosa (1500)... representando-se em todos eles como uma ilha com um lago interior e com forma anelar. O próprio Cristóvão Colombo teve que estar em contato com esses mapas, pois como se nos informa em textos conservados hoje, ele foi cartógrafo durante muitos anos em Lisboa.
Segundo a informação que tiramos do Atlas de Oliveira Marques e Alves Dias “Atlas Histórico de Portugal e do Ultramar português”, o navegador Duarte Pacheco Pereira chegou à terra dos tupis em 1498, dous anos antes da chegada do descobridor oficial do Brasil Pedro Álvares Cabral e cinco depois de alguma outra expedição da qual não temos ainda toda a informação mas da que algo sabemos. A região aonde estes navegadores chegaram recebe o nome de “Ilha de Santa Cruz”; posteriormente há de ser “Terra de Santa Cruz” e só poucos anos depois é que vai receber o seu nome definitivo de “Brasil” por acreditavam os coevos que aquela era um ilha afastada do resto do continente americano pelos rios Orinoco, Paraguai e Rio da Prata. Era a terra que identificavam com a mítica ilha registada em todas as cartografias e em todas as informações textuais desde a “Insulae Purpuraricae” (Ilha Vermelha ou de cor Púrpura) do romano Plínio o Velho
A tradição mais recente faz derivar “Brasil” do pau-brasil que tem um dos seus extremos vermelhos como as brasas, sendo esta uma planta muito importante para o comércio português, mas também é o nome das madeiras de cor avermelhada para tintura que foi denominada de Brisilicum pelo Duarte Pacheco em 1505, ou “Tinta do Brasil”.
Todos estes enganos favoreceram a confusão na altura da etimologia do Brasil como sinónimo da ilha do Além atlântico com o nome duma ou várias madeiras e mesmo de “brasa”.
Diz-nos Frei Vicente do Salvador que o nome do Brasil foi inspirado pelo diabo, pois Santa Cruz (o primeiro nome que recebeu o país) era referido à madeira da cruz onde fora crucificado Jesus Cristo e em troca “Brasil” era madeira mundana.
De qualquer jeito parece-nos que o nome originário céltico pode dever-se não unicamente à tradição cartográfica medieval mas também aos contatos entre a Irlanda, também a Bretanha, onde aparece também a lenda de Ilha do Além com o mesmo nome do que estamos a falar e destinada a receber os guerreiros que tiveram uma morte honrosa no campo de batalha, e a Galiza com Portugal, como prolongações do mundo céltico e atlântico em contato milenar com as Ilhas Britânicas e a própria Armórica. Eis o vínculo entre esse mundo atlântico europeu com o grande Brasil...e acreditamos que pelo meio está o elo da Galiza, ponto de conexão entre ambos mundos: o céltico e o lusófono.
Bibliografia:
Ana Donnard: O outro mundo dos celtas atlânticos e a mítica Brasil, ilha dos afortunados: primeiras abordagens.NuntiusAntiquus.
J. Chrys Chrystello: Chronicaçores: Uma circum-navegação. De Timor a Macau, Austrália, Brasil, Bragança até os Açores. (Volume 1) http://es.scribd.com/doc/39955110/CHRONICACORES-UMA-CIRCUM-NAVEGACAO-DE-TIMOR-A-MACAU-AUSTRALIA-BRASIL-BRAGANCA-ATE-AOS-ACORES-VOLUME-UM-DA-TRILOGIA
Quintus: As Ilhas míticas do Atlântico: Ilha Brasil http://movv.org/2006/11/26/ilha-brazil/
Assinar:
Postagens (Atom)